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Foto do escritorJoni Galvão

O poder da originalidade



Um dia desses, um tal de Sigmund Freud descobriu que nós não temos controle da nossa vida. Foi um choque quando ele descobriu o INCONSCIENTE, pois as pessoas se deram conta de que é nele que nossas experiências são armazenadas. Por isso desenvolvemos hábitos muitas vezes idesejáveis. Isso quer dizer que perdemos o "livre arbítrio"? Claro que não. Mas talvez não sejamos tão "livres" como pensamos.


Algumas pesquisas em psicologia e neurociência têm mostrado que muitos dos nossos comportamentos são de fato automatizados e podem ser realizados sem consciência deliberada. Por exemplo, estima-se que aproximadamente 95% das decisões de compra são feitas inconscientemente, de acordo com Gerald Zaltman da Harvard Business School. Além disso, pesquisas em neurociência têm demonstrado que o cérebro muitas vezes faz julgamentos e toma decisões antes de estarmos conscientemente cientes delas.


O que isso significa? Que somos aquilo que repeteidamente fazemos e para ter um pouco mais de controle é preciso TOMAR CONSCIÊNCIA desse processo. Onde fica então a tal da "originalidade"? Será que ela tem a ver com "autenticidade"?


Autenticidade essa que vai desaparecendo da nossa vida. Isso porque perdemos a magia da vida que toma conta da gente quando somos crianças. Nós crescemos demais e viramos "mais um" no meio de tanta gente padronizada. Na música "THE LOGICAL SONG" do Supertramp, esse processo de "ADULTIZAÇÃO" fica evidente:


(versão traduzida - um trecho)

Quando eu era jovem

Parecia que a vida era tão maravilhosa

Um milagre, oh ela era tão bonita, mágica

E todos os pássaros nas árvores

Estavam cantando tão felizes

Oh alegres, brincalhões, me observando

Mas aí eles me mandaram embora

Para me ensinar a ser sensato

Lógico, oh responsável, prático

E me mostraram um mundo

Onde eu poderia ser muito dependente

Doentio, intelectual, cínico


E a consequência disso é a perda da originalidade. Ou seja, aquilo que é só seu, original de fábrica, acaba sendo sequestrado. Mas como podemos voltar a sentir aquela magia de criança?


Aqui vão algumas dicas de como eu fiz para lidar com esse mundo adulto cheio de regras desnecessárias, pessoas mascaradas e pouca originalidade:

  1. CRIATIVIDADE: Todos nós somos criativos. Não tem essa de "passa pro criativo", frase que acontece muito em agências de publicidade como se esse atributo que nasce com todos nós fosse exclusivo desses "criativos". Mas para que ela aconteça é preciso avaliar quais são as suas crenças que bloqueiam a capacidade de criar e inovar.

  2. CORAGEM: Desafie o status quo e siga seu próprio caminho. Uma pessoa original estaria disposta a arriscar e ir contra as convenções estabelecidas, mesmo que isso signifique enfrentar críticas ou resistência. Tenho pra mim que a maioria das pessoas dentro do mundo corporativo são motivadas pelo medo de desagradar o chefe e em casos extremos, medo de perder o emprego.

  3. CURIOSIDADE: Uma pessoa original está constantemente buscando novos caminhos, explorando diferentes áreas de interesse e procurando entender o mundo de maneiras únicas. A tal da "zona de conforto" deve ser trocada pela "zona de desconforto".

  4. AUTENTICIDADE: Uma pessoa original é capaz de expressar sua singularidade e não se conformar com expectativas ou padrões impostos pela sociedade. Isso tem um preço, muitas vezes alto. Mas você deve estar disposto(a) a enfrentar aquilo que foi padronizado, avaliando se está se comportando em função do que os outros esperam ou motivado(a) pela sua verdade.

  5. PERSISTÊNCIA: Quando eu criei a SOAP muita gente reagia como se eu fosse louco. "Uma empresa de PowerPoint?". A cada "não" eu me motivava ainda mais para colocar em prática o meu sonho. Se Steve Jobs consultasse as pessoas antes de suas inovações provavelmente teria muita resistência. Mas ele acreditava nas suas ideias, e com toda convicção, fazia exatamente o que tinha imaginado.

A minha vida toda foi pautada por uma mentalidade do arquétipo "fora da lei"! O arquétipo do fora da lei pode variar em diferentes histórias, mas algumas características comuns incluem a independência, a rebeldia, a coragem e a habilidade de desafiar autoridades.


Um exemplo no cinema do "fora da lei" é Han Solo, de Star Wars.

Outro que acabou se entregando pro lado "sombrio" do ser humano foi o Coringa, no filme dedicado a ele, JOKER. Ele é um exemplo de um fora da lei que vai contra a sociedade devido às circunstâncias e injustiças que enfrenta.


Os humoristas profissionais conseguem criar seus textos a partir de uma "lente de aumento" naquilo que os incomoda. Como Robert McKee diz, "Comedy is the angry art". Os comediantes são idealistas, portanto raivosos, porque veem todo o absurdo da sociedade. Mas ao invés de ficarem reclamando ou aceitando, eles atacam com com toda força!


Ser original é explorar aquilo que você tem "de fábrica" e que se perdeu no processo de adultização. Comece pelas pequenas coisas para seu cérebro entender um novo caminho de pensamento. Tipo, vá para o trabalho por um caminho que você nunca foi, atenda o telefone de um jeito que você nunca atendeu, durma na cama de um lado que você nunca dormiu, comece o dia com algum ritual que nunca fez, e tem muita coisa que pode fazer para treinar seu cérebro a ser original.


Minha vida toda é feita de momentos em que eu procuro quebrar as expectativas e de certa forma deixar a audiência com aquele brilho no olho de quem "nunca viu aquilo antes".


Por fim, recomendo fortemente que você também utilize esse poder da originalidade nas suas histórias. A atenção da audiência está cada dia mais difícil. Quando você "quebra as expectativas", a audiência "empresta" seu tempo e já fica com vontade de ver algo novo, algo que quebre os padrões e resgate aquela "magia" que mencionei no início desse texto.


E para finalizar, curta o vídeo da música The Logical Song, preste atenção na letra, e perceba como ela reflete um valor que é universal. Isso é uma boa história, quando nos enxergamos dentro dela...








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